junho 22, 2005

Joselito, Tutu e Cátia Flávia


Há alguns meses decidi que queria um cachorro. Um labrador para ser mais exata. Teria que ser batizado com um nome bem criativo, de preferência engraçado. Passei a dedicar algum tempo do meu dia para pensar na alcunha perfeita.

Bark foi o primeiro nome que me veio à cabeça. Não, aquele não era nada bom. Medonho até. Não gosto dos nomes muito fofos. Esses prefiro deixar para os poodles. Comecei então a observar outros cães da raça para ver se tinha alguma inspiração. Um foi o Thor e o outro Luke. Cada qual com suas peculiaridades, mas ambos “sem noção”. Thor é campeão em arrancar as roupas do varal, destruir bonés e às vezes dá uma de rebelde e foge de casa. Luke é um tarado. Pula feito louco na gente e depois fica ali batendo uma na maior cara de pau. Certamente o meu não seria muito diferente – meio Joselito, tal como o sem noção que não sabe brincar do Hermes e Renato. Tá aí. Estava decidido. Chamaria-se Joselito.

Tudo certo até a criatividade publicitária me pegar de assalto. No intervalo de um programa qualquer vi aquela propaganda da Finasa, com o cachorrinho rodeado de dinheiro e o locutor dizendo “Chama o Tutu que ele vem”. Adorei! Quis realmente chamar o Tutu, mas não poderia deixar de lado meu já tão querido Joselito. Ah! Tudo bem. Afinal quem tem um pode ter dois, certo?

Quando comentei os nomes dos cachorros com minha irmãzinha-rapa-do-tacho ela me perguntou algo que ainda não havia pensado. E se fosse menina? Foi aí que surgiu a Cátia Flávia. Lembram daquela música cantada pela Fernanda Abreu? “Cátia Flávia, é uma louraça belzebu, provocante. É uma louraça lúcifer gostosona. É uma louraça satanás... “ e por aí vai. Quer mais cachorra que a Cátia Flávia? Era um nome bacana. Gostei tanto que não quero nem saber se vai ou não ser menina. Cátia Flávia já faz parte da família.


Ainda não encontrei meus três filhos caninos, mas acho que vou ter de procurá-los no Centro de Zoonoses. Afinal, haja grana para comprar tanto cão numa petshop. Sem um “tutu” amigo por perto então, nem pensar!

junho 21, 2005

Sociedade.NET


O ciberespaço parece realmente estar consolidado como meio de comunicação interpessoal. Hoje em dia não se pede mais um telefone com a mesma freqüência que com que se pergunta se alguém tem messenger, e-mail ou está no Orkut. Imaginem só que ontem à noite, num arraial popular, depois de gentilmente aceitar dançar um forrózinho da Elba Ramalho com um senhor ele me faz a seguinte pergunta: “Pode me dar seu e-mail?”

Ele tinha a dicção ruim e a voz falha, características que nada colaboravam num ambiente barulhento como aquele. Era notoriamente muito simples. Primeiro até pensei que tinha entendido errado e que ele estava me pedindo dinheiro. “Não, não tenho dinheiro”, respondi. Mas ele insistiu. “Não, você tem e-mail? Pode me dar seu e-mail?” Fiquei boba. Pasmei. Aquilo parecia surreal demais para mim. Onde estava a tão falada exclusão digital? Neguei, claro. Porque eu iria querer manter contato com aquele senhor meio esquisito para quem apenas dei o prazer de uma dança?

Chega a ser preocupante como nossa identidade virtual assumiu proporções tão grandes. Sem um endereço eletrônico hoje não se arruma mais emprego (aliás, nem com isso!), com tanta agência on-line e anúncios de jornais que pedem para encaminhar o currículo para e-mails de RH.

Lembrei-me então de outro e-mail. Um que recebi de um amigo, sobre Orkut e o emprego hoje. Eram tirinhas bem-humoradas que alertavam para vulnerabilidade a que estão expostos os usuários do site, quando um candidato em entrevista é surpreendido com a consulta de seu perfil no Orkut. A adesão a comunidades do tipo “Faço sexo no trabalho” e “Odeio me chefe” destroem com as chances dele ganhar a vaga.


Essa impessoalidade definitivamente não me atrai. Será que é seguro? Saudável? O tempo dirá. Só sei que apesar de tantos recursos ainda me encanto com uma boa conversa cara-a-cara, com as fotos analógicas e em reler as poucas e tão sinceras cartas que já recebi e guardo com muito carinho.

junho 18, 2005

O Calote


Outro dia fui pega de surpresa ao ler um “scrap” de uma amiga que me falava de uma noite em que saímos de um bar sem pagar a conta. Era o aniversário da amiga de uma amiga dela, num lugar onde fomos muito mal atendidas e não havia controle algum de quem entrava ou saía do bar. Dizia ela no recado algo mais ou menos assim: “Paula preciso falar contigo urgente. Tô tentando te encontrar e não consigo. A amiga da fulana teve que pagar e estão nos procurando pelo calote.” Aquilo soou tão forte e vergonhoso que deletei a mensagem sem pestanejar. Eu caloteira? Nunca tinha pensado naquele episódio por esse ângulo.

Para mim, aquilo não passava de um troco pelo mal atendimento e uma lição para aprenderem a ser mais cuidadosos com a circulação da casa. Simbólico, diga-se de passagem, já que eu tinha gastado pouco mais que um couvert de três reais. Jamais imaginei que saindo com uma comanda individual na bolsa poderia prejudicar outra pessoa. De esperta passei a me sentir a última das criaturas. Ainda mais que honestidade sempre fez parte do meu currículo e aquela situação arranhava minha imagem nesse quesito.

Deve ser por causa dessa cultura de malandro, do bom e velho “jeitinho brasileiro” que estamos tão habituados a lidar. Afinal, quem não gosta de levar vantagem de vez em quando? Em dias que até países tentam dar o calote, coisinhas como ficar quieto quando se recebe um troco a mais errado ou sair sem pagar a conta passam desapercebidos e inquestionáveis no dia-a-dia. Honestidade é hoje um artigo tão raro que exemplos isolados merecem até reconhecimento do presidente da república, como aquele caso do faxineiro do aeroporto que devolveu o dinheiro que ele achou. É como o homem que morde o cachorro, foge a lógica natural.

O peso na consciência e o embaraço voltaram hoje a bater na minha porta. Bem, na verdade, ao tocar o telefone, quando a mesma menina retomou o assunto, me passando o número da conta bancária da amiga da lesada.


Vejam só que dor de cabeça fui arrumar! Antes fosse melhor enfrentar a fila e ter pago a conta lá mesmo, no dia, tudo certinho, como manda o “manual dos bons costumes”. Quem acabou aprendendo uma lição fui eu. Deveria estar fora do meu estado normal para esquecer que malandragem por malandragem, não tem jeito, alguém sempre paga a conta no final. Eu, você, a menina...

junho 17, 2005

Amado Traidor


Querido cúmplice de minhas vaidades, não me recordo de seres fiel. És propriedade de ninguém, a todos serves e a todos, eventualmente, trais. Não me importo, pois procuro outros também.

Brincas sem dó com minha auto-estima. Não entendo como podes faltar-me quando mais precisei de tua resposta positiva à minha inquietação. Deixaste-me partir sentindo-me feia sem um sinal de compaixão.


Achas que tudo sabes de mim, mas tua limitada existência não permite que reflitas minha alma. Embora peques comigo, não conseguiria jamais te abandonar. Tens teu jeito de pedir desculpas, me dando alegrias, me poupando de vexames, me dando coragem para fazer isso ou aquilo. Sabes bem o que são.

Ei, você que, indiscreto, invade minha intimidade. Não me julgue sem antes saber. Quem nunca se rendeu ao magnetismo de um espelho? Sei bem que não vives sem ele também. Barba, cabelo, idade, maquiagem..., ai, ai, amado traidor.



junho 16, 2005

Filosofia Vasenol

Odeio a propaganda do Corpus. Sabe aquela do balanço? Que a modelo fica ali no engorda e emagrece e depois dá aquela esnobada fechando o vestidinho? Pois é, odeio ela. Aliás, essas propagandas de produtos dietéticos ou para emagrecer conseguem deixar qualquer um com remorso de ter comido o que fosse nas últimas horas, mesmo não estando de mal com a balança.

Uma rara exceção, devo dizer, é uma peça antiguinha do Vasenol, que apesar de ter a garota Zerocal, Carolina Ferraz, me deixou uma mensagem super inspiradora. Aquilo me fez refletir. Anotei a frase e coloquei na geladeira. “Quanto mais você se cuida, mais você se gosta”. E não é que era verdade? Lembrei de todas as vezes que fechei a boca e consegui me sentir gostosa dentro daquela roupa bacana. Ou quando deixei de roer as unhas e fiquei com as “garras” bem feitinhas. Da pele macia sempre que bem hidratada e ainda daquele elogio gratuito durante um amasso: “Você tem malhado? Tô te sentindo mais sarada”. Ha-ha-ha! Ô coisa boa! A auto-estima vai ao céu!

Minha mãe sempre disse que “beleza requer sacrifício”. Frase por frase ainda prefiro a minha. Adotei a do Vasenol como “filosofia”. Toda vez que preciso daquele empurrãozinho para qualquer “sacrifício” estético repito para mim mesma: “Quanto mais você se cuida, mais você se gosta”. Aí é só alegria.

A propósito, comprei o tal Vasenol, “me gostei mais”, mas daí não achei no supermercado e continuei “me gostando” com o concorrente mesmo. De qualquer forma, valeu a inspiração.

junho 15, 2005

Provérbios

“Quem espera sempre alcança.” Fico pensando em quem teria sido o brilhante autor desse provérbio, em que situação se encontrava quando teve seu insight, a elucidante reflexão: “Quem espera sempre alcança”. Como pode alguém alcançar qualquer coisa ficando parado? O esperar por vezes me remete à idéia de inércia, passividade, comodismo. Já alcançar sugere uma ação, um esforço para atingir algo distante.

Nunca dei muita importância para provérbios. Para mim eles sempre estiveram lá, de alguma forma, por alguma razão. Costumava pensar que pudessem ter um fundo filosófico ou mesmo metafórico, que sintetizassem sabedorias da vida ou algo do gênero.

Blá,blá,blá, quanta besteira! Devo aproveitar o momento e alertar você, leitor, que não espere alcançar nada com essa leitura, seguimos, mas sem compromisso, ok?

Pois bem, continuo curiosa em saber como se alcança esperando. Se pensar na fila bancária, hum, talvez tenha coerência. Quem se dispõe a esperar nessa filas geralmente alcança. Alcança o caixa ou alcança o limite da paciência, aí pode ser até que alcance o pescoço do engraçadinho que tentou furar a fila. Ah! Quando não alcançam sua bolsa e a polícia, que crê no provérbio, fica esperando e não alcança ninguém.

Poderia perfeitamente ser fruto do cálculo de um garotinho, que não alcança os doces estrategicamente guardados no alto da despensa, por amor o sacanagem mesmo. Imagine o garoto revoltado ameaçando sua mãe num tom profético: “Quem espera sempre alcança!” como quem diz “por enquanto eu não consigo, mas quando eu crescer...”

Que sentido teria se o treinador de Robison Caetano reservasse o provérbio como o sábio conselho dado minutos antes da corrida. “Robison, não se esqueça! Quem espera sempre alcança.” Seria um desastre!

Como esse, outros tantos provérbios são igualmente ineficientes. “Cão que ladra não morde”. É mesmo? Experimente testar com um Pitbull então. Romário que o diga, descobriu que mesmo quem chora, às vezes, não mama.

Já que a sabedoria popular anda meio deficiente, resolvi adotar minhas próprias versões: “Quem espera cansa e senta”. “Devagar se chega tarde”. “O que não mata dá dor de barriga”(Afinal, não podemos pensar no pior). Como essas poderia criar diversas outras, até mesmo meus próprios provérbios! Imagine, se ficasse bom (ou pelo menos bonitinho) talvez algum até virasse provérbio chinês.

Parece ironia. Frases banais perpetuadas na boca do povo, enquanto grandes ensinamentos se perdem no tempo, fogem à memória. Pare e pense. “Quem avisa amigo é”.

O difícil começo


Nossa! Nem lembro quantas vezes já pensei em escrever um blog e desisti na primeira postagem. Não sei direito sobre o que vou tratar por aqui, mas o importante é que dei o start. Já pensei em sacanagem, em mostrar minhas aptidões de jornalista ou cronista, falar mal desse, bem daquele, postar observações das banalidades do cotidiano, enfim um infinidade de coisas que por hora não dá muita identidade para esse blog, mas com o tempo ( ah! o tempo...) tenho certeza que vou descobrir.

Aliás, como não sei mesmo sobre que vai ser escolhi esse nome. Se alguém um dia ler isso me diga se acho legal, ok?

Como diria pernalonga "Por hoje é só pessoal" antes que eu desista denovo de por esse post no ar.

See ya!