dezembro 30, 2005

Feliz 2006!


O tempo nem sempre nos permite o capricho de parar com calma e deixar uma mensagem de efeito para essa virada de ano, mas apesar do tic-tac do relógio forçar minha partida, me limito a simples e sincera tarefa de desejar a todos um excelente 2006, muito melhor que esse ano que termina.

Um grande "axé" para todos que me prestigiam e que, por isso, tornaram meu ano mais especial. Muito obrigada!

Que tenhamos um 2006 próspero, mais solidário, menos corrupto, com mais boas notícias do que ruins e, claro, cheio de histórias divertidas que dêem margem a um sem número de textos recheados da mais pura e gostosa malícia heheheheh

Feliz 2006!

dezembro 24, 2005

Gorro encarnado? Prefiro de morango

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Pensava em escrever um texto super inspirado. Comentar essa energia positiva e pseudo-onda de solidariedade que parece se alastrar nessa época do ano, mas uma imagem me surpreendeu e interrompeu a proposta light me forçando a embarcar numa linha mais crítica que fraternal.
O que foi o Papa com aquele gorro de Papai Noel? Sério! Essa notícia chega a ser ofensiva. É como se fosse o endosso da Igreja ao capitalismo globalizado. Não dá para aceitar numa boa que o mesmo Papa que repudia a pílula e a camisinha seja conivente com um símbolo tão comercial como Papai Noel (e ala Coca-Cola como conhecemos hoje).
Não que eu não ache o bom velhinho simpático. Por anos acreditei em Papai Noel e outros tantos fingi continuar acreditando, com medo que a mamata acabasse logo que meus pais descobrissem que eu sabia de toda aquela deliciosa farsa. Afinal, é o tipo de fantasia que a gente gosta de ter. Como o corno que é feliz na sua ignorância.
Não consigo entender e muito menos aceitar essa atitude do Papa. O que é isso, companheiros? Sem dúvida, digno de rechaço maior que o desfile de bonés do Lula de outrora. Tenho curiosidade de saber como essa notícia repercutiu em países católicos como a Espanha, onde sequer se trocam presentes no Natal, senão em 6 de janeiro, dia dos Reis, uma data bem mais fiel e coerente com a história que conhecemos do J.C.
Que será que o Papa queria com aquele gorro encarnado? Será popularidade? Será aceitação? Será provocar alguma identidade para que todos acreditemos que ele é um "bom velhinho"? E agora? Devem os católicos passar a meia-noite celebrando a missa do galo ou à espera de um Papai Noel de saco cheio?
Aliás, de saco cheio fico eu. O espírito natalino cada vez mais parece que foi mesmo para o saco, com expressões raras de solidariedade e afeto ao próximo. Talvez nem se ouvisse falar mais delas se não estivesse em voga no mundo empresarial algo chamado Marketing Social. Sai a compaixão entra o materialismo. Empurra-empurra nos shoppings. Quebra-pau e bombas na 25 de março. Crianças demandando presentes mais e mais caros já sem aquela mesma inocência que eu tinha de acreditar em Papai Noel.
Ah! Ia esquecendo. Na minha época Papai Noel só visitava quem tivesse se comportado durante o ano. Sido um bom menino. Quem será que Bento XVI considera um "bom menino"? Será que é a turma dos que são contra a camisinha? Nesse caso, Bush merece ganhar presente?
Sob essa ótica desejo sinceramente que muita gente fique chupando o dedo nesse Natal. De touca em touca prefiro engrossar o coro da Daniela Mercury e incentivar o uso daquela que é muito mais que um adorno, mas um santo remédio para outras cabeças.
Feliz Natal!

dezembro 12, 2005

Kitsch

Tive um desejo kitsch* nesse fim de semana. Walter Benjamin e outros tantos teóricos da Escola de Frankfurt devem ter se revirado na cova com minha infame heresia de desejar, com tamanha voracidade, captar a “aura” daquela obra de arte.

Sim! A verdade é que consegui inclusive visualizar aquela tela pintada com tinta automotiva, emoldurada e plena sobre uma bela cama de casal. Quero uma cópia. Quero sim, e muito. Esse seria o quadro perfeito para decorar meu futuro ninho de amor.

Estava entre as 110 obras da exposição Erotica – os sentidos na arte, que finalmente consegui visitar. Não atendeu muito as minhas expectativas. Confesso que esperava mais dela, embora o pouco que realmente gostei, como diria Bob Jeff “provocou os meus instintos mais primitivos”. Verdade! Encantei-me imensamente com essa peça. Tal foi minha atração por ela que nem lembrei de gravar o nome da obra e do artista plástico que a produziu (mas isso eu resolvo ligando para a curadoria).

Era linda. Era moderna. Era uma verdadeira mimese plástica do sexo. Um casal entrelaçado em preto e branco. Na vertical. Erótico, sem ser pornográfico,como as narrativas sutis de Josué Guimarães. Maravilhoso!Como é provável que eu não consiga sucumbir à arte ao meu vão e consumista desejo de ter uma cópia só para mim, aconselho aos curiosos que visitem a exposição até o dia 8 de janeiro de 2006, no CCBB (São Paulo) enquanto há tempo de contemplá-la.

*Kitsch: Expressão muito usada pela estética da arte. “Arte baixa”, vulgar ou “kitsch” denota geralmente a estética da burguesia ou se refere especificamente aos artefatos decorativos ou funcionais de produção de massa da cultura popular. Muitas vezes, se refere a apropriações de obras de arte convertidas em produtos produzidos em série, como uma estampa de Monalisa numa camiseta, por exemplo.