janeiro 28, 2006

Lições de Buk e Homer


Buk e Cass

Bukowski rules! Realmente o conto "A mulher mais linda da cidade" é genial. Buk empresta a sabedoria de sua embriaguez sana a personagem Cass. Fiquei fã da Cass. Olha só que lindos e francos trechos:

" - Imaginei que estivessem interessados em mim e não apenas no meu corpo. - Eu estou interessado em você e também no teu corpo. Mas duvido muito que a maioria não se contente com o corpo."

" - Por que é que faz tanta questão de esculhambar o teu rosto? - perguntei. - Quando vai se conformar com a idéia de ser bonita? - Quando as pessoas pararem de pensar que é a única coisa que eu sou. Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feio. Assim, quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão."

Tem outros ótimos, mas não vou estragar a descoberta. Deixo que leiam no próprio livro do querido velho safado.

Espírito esportivo by Homer Simpson

Homer anuncia à familia que tem um compromisso importante, uma competição de cerveja. Bart lhe pergunta: - E você acha que vai ganhar, pai?

Homer responde: - Filho, quando se participa de eventos esportivos não importa quem perde ou quem ganha, mas o quão bêbado se fica.

janeiro 26, 2006

Acorda, Tininha!


Não lembro a última vez que li com fé meu horóscopo, mas recentemente fui assaltada por essa nostalgia, uma vontade estranha de voltar a acreditar na influência do zodíaco.

Confesso que cresci viciada em revistinhas astrológicas. Enquanto a maioria das meninas da minha idade babava, debruçada sobre as fotos do Brad Pitt e tentava descobrir naquela literatura teen, entre tantas outras dúvidas bestas, se afinal OB tirava ou não a virgindade, eu, no “alto” dos meus 11 anos, comprava religiosamente meu guia astral do mês. Já sabia qual era meu ascendente, signo solar, lunar, complementar, chinês, etc. muito antes da primeira menarca.

Diria até que foi João Bidu quem me introduziu o hábito de ir às bancas se não fossem os gibis da Turma da Mônica. A propósito, lembram da Tina? Amiga do Rolo? Uma hippie, de óculos, muito supersticiosa? Adoro a Tininha! Tenho registrado na memória até hoje as histórias em que ela fazia ou deixava de fazer uma série de coisas em virtude do que rezava o horóscopo.

Já fui assim. Não de cancelar meus planos com medo de ser penalizada pelos astros, mas de ficar esperançosa, na expectativa da realização de coisas boas quando a previsão me era favorável. Tinha o costume de tentar descobrir o aniversário dos meninos por quem havia desenvolvido uma paixonite platônica só para checar se o signo combinava com o meu. O nome completo e a idade para a numerologia. Conferia as possibilidades daqueles proto-relacionamentos terem algum futuro, os dias mais propícios para a realização do amor, para cortar o cabelo ou quem sabe fazer uma fezinha. Tolice, mas de uma inocência gostosa absurda. Um gozo que, com o passar do tempo, o descrédito na astrologia e a maturidade levaram ao esquecimento, mas que hoje sinto renovado o desejo de despertar essa Tininha adormecida dentro de mim.

Estamos no começo do ano e outra vez minha mãe saiu em busca do Almanaque do Pensamento que, segundo ela, “não falha nunca!”. Por livre e espontânea pressão li com o descompromisso de quem folheia uma revista de fofocas velha. Naquele almanaque estavam citados os percalços de 2005. Aconselhava os aquarianos a terem prudência e responsabilidade em 2006 e anunciava uma infinidade de realizações no trabalho, no amor, nos estudos...

É, parece que este é o meu ano. E também do meu signo no horóscopo chinês. Que beleza, não? As forças do universo conspiram a meu favor! Era tudo que eu queria! Penei ano passado. Sofri mudanças radicais. Aprendi muitas lições, sem dúvida, como também tive momentos de alegria inesquecíveis, porém, na hora de pôr na balança, não há como negar que foi dureza. Essa previsão de um ano bárbaro, próspero, é convidativa demais para abandoná-la na sarjeta da indiferença.

Acreditar é tão bom! Quanto mais desapegada do mítico e divorciada das crenças me fiz, mais forte fui tendo a certeza que a lucidez do meu ceticismo não paga o prazer de acreditar. Pois bem, que mal há de causar? Vou apostar minhas fichas na tolice dos velhos tempos e celebrar bem contente a chegada do ano novo chinês no dia 29, o ano do cão (e que não seja DE CÃO, veja bem). E quem sabe até comer nhoque com dinheiro embaixo do prato para ver se engordo meu pé-de-meia.

janeiro 13, 2006

Um fio-dental, um texto, uma unha


Agora entendo o porquê de tantos meninos adorarem folhar revistas femininas. Lembro de ter flagrado em várias fases da minha vida um coleguinha ou outro surrupiando uma Capricho ou uma Nova qualquer só para dar aquela bisbilhotada no universo das calcinhas. E adoravam! Riam, faziam descobertas, alguns até se sensibilizavam e se empenhavam em entender melhor a nós, mulheres. Hum, será que foi assim que surgiram os primeiros metrossexuais? Lendo ocasionalmente uma seção de moda, de beleza ou um daqueles comentários bestas de "como o cabelo de fulaninho é lindo!", "Gosto de homens assim ou assado"? Anyway.

Foi no mais legítimo templo cor-de-rosa que tive a surpresa e o prazer de experimentar essa sensação de dar uma checada em como andam as publicações masculinas. Sim! Achei uma revista masculina perdida entre aquela avalanche de revistas de mulherzinha e de fofoca típicas das sala de espera de dentista e de salões de beleza. Olha, tenho que confessar, a dos meninos é muito mais legal. Não sei se foi o ar de novidade ou a abordagem diferenciada, a única certeza que tenho é que definitivamente não foi a bunda da Sabrina que me empolgou.

Estava eu lá, com uma mão esticada, entregue a sorte e ao bel-prazer da manicure, equilibrando a revista sobre as pernas e tentando virar as páginas num procedimento quase que cirúrgico para não borrar a unha, enquanto me deleitava com as piadas, os depoimentos e as matérias do periódico dos XY. Não foi minha primeira vez, mas a única que realmente li com mais afinco e num local que jamais pensei que pudesse encontrar a tal revista. Até percebi alguns olhares de desaprovação, quando entre uma página e outra ficava evidente os ensaios da mulherada seminua ou títulos vorazes em vermelho, de fazer muitas boas moças ruborizarem, mas sem dúvida bem interessantes. Não tava nem aí. O garimpo no campo alheio era mais forte, mais curioso.

Descobri roteiros que há tempos queria saber se eram bacanas. Li narrativas eróticas de botar as séries de "Julia" no chinelo e dicas de livros que me farão investir algumas horas explorando as prateleiras das livrarias. E o melhor, ver o ponto de visto do macharedo sem maquiagem (ou com pouca, pelo menos). Enfim, acho que vou sublimar as fotos da tigrada famosa de fio-dental e me tornar uma leitora assídua!

Meninos, até me solidarizo com essa curiosidade, mas quer saber? Sou mais de ler as histórias de vocês que perder meu tempo e dinheiro com dicas de "como agarrar seu homem", fala sério! Aliás, não fala não. Como piada isso desce bem melhor!

janeiro 11, 2006

Rever-te


Há muito tempo não via o mar. Por tantas vezes meu companheiro e cúmplice dos meus devaneios a cada passo descuidado em que deixava minha mente vagar. Senti novamente sob os pés a areia molhada. As pegadas sendo apagadas e as ondas dançando ao ritmo do vento, vindo suavemente minhas pernas acariciar. A brisa úmida da maresia beijava por inteiro o meu corpo, enquanto o sol, que já se despedia, ainda emprestava seu calor e ali espreitava, voyeur, delatando sua presença através da natureza envolta por seu inconfundível contorno dourado; irresistível.

De repente era como se ali ninguém mais estivesse. Fui deixando o deleite daquele momento me anestesiar. Sem perceber, suspendia qualquer insegurança, logo não tinha nenhum problema ou preocupação. O murmurinho ao redor silenciava. Nada mais que o barulho do mar. Mergulhava então dentro de mim, na mesma paz de outrora, que nenhum outro cenário conseguira, com tamanha maestria, me proporcionar. E foi assim por muitos anos que tantas vezes fiz planos, reconheci meus enganos, centrei minhas idéias e pude então recomeçar.

Havia esquecido do quão importante para mim era o mar. Que poder é esse que ao salgar minha pele consegue minh’alma lavar? Daquela imersão quase incestuosa, fazer emergir de mim um estranho senso de consciência própria. Um lapso de lucidez confortante, em que tudo se torna claro; simples; fácil. O palpável, alcançável. O inútil, descartável. Os degraus para cada meta na proporção exata. Nem super, nem sub estimado. Fiquei muito tempo longe do mar. Me perdi. Enlouqueci. Fiquei à toa. Sem bem saber o que fazer. Sem perceber a falta e o bem que ele me faz.

Ah! Que tolice há de parecer, mas o que posso fazer? Talvez jamais em palavras consiga de fato expressar como foi doce meu reencontro com o mar.

janeiro 06, 2006

Top Sampa 2005

Prometi para alguns amigos que colocaria no blog a minha lista do melhor de São Paulo em 2005. Confesso que apesar da fama de baladeira conheço ainda pouca coisa da cidade, dada a imensidão de estabelecimentos existentes. Mesmo assim, da minha experiência de apenas seis meses caindo na noite paulistana já visitei mais de 40 casas e é dessa relação que tiro os meus favoritos.
Tentei dividir por estilos, já que botar tudo num mesmo saco tava difícil. Para quem curte música eletrônica vou ficar devendo, já que não é a minha praia e, mesmo que eu tivesse ido a casas desse gênero, não tenho muita credibilidade para dizer qual é melhor, então... Se alguém quiser coroar alguma nos comentários, fique à vontade. Bjs

Variada: Happy News Jump Bar

Não sabe onde vai estar legal no sábado? Na Happy News não tem erro. Capacidade para 1200 pessoas e sempre lotada. Super animada, a azaração é total num clima quase de micareta, ideal para solteiros, pois lá só não beija quem não quer. Tem dois ambientes e toca de tudo, para agradar todos os gostos. Além disso, dá para subir nas mesas e também tem uma espécie de um balcão no meio da pista, onde o pessoal pode subir e soltar a franga à vontade. Nesse mesmo espaço há apresentações de pocket shows no meio da balada.
Site:
www.grupohappynews.com.br

Black: Rose Bom Bom

Para dançar a noite inteira. Só black, sem (ou quase) música repetida e uma melhor que a outra. Parece impossível? Mas como diria Sabrina Sato “It’s true! É verdade!”. Muito bom! Vai ser difícil decidir a hora de ir fugir para o bar ou dar aquela passadinha no banheiro. Se o calor apertar, a casa dispõe de um ambiente com uma das paredes toda aberta, como aquelas portas de bares, bem fresquinho, onde dá para relaxar um pouco e continuar curtindo o repertório black ou ver alguns vídeos no telão.

Dica: Leve talão de cheque ou dinheiro. A casa estava esperando chegar as máquinas dos cartões de crédito e débito. Se puder deixar o carro no estacionamento ao lado, melhor. Manobristas suspeitos em frente à casa. Levamos uns 40 minutos para receber o carro e só depois de ameaças de chamar a polícia.
Sem site (Luiz Murat, 370 – Vila Madalena)


Trash: A Lanterna

Os anos 80 vieram com tudo nesse 2005. Embora a famosa festa Trash 80’s, do clube Caravaggio, já existisse há mais tempo, a febre se espalhou não apenas por Sampa, como também por outros estados brasileiros. Sidney Magal, Gretchen e Rosana agradecem a retomada da popularidade. No meu ranking, a balada trash favorita fica com os sábados animados por Luciano Nassyn e Banda, em A Lanterna, na Vila Madalena. Luciano Nassyn é ex-integrante do Trem da Alegria e apresenta um repertório que vai de Wando a AC/DC. Sério, eles tocam de tudo, até axé e Pink Floyd, mas na maior parte são músicas dos anos 80. Além dos top trash, também há algumas do rock brasileiro da “década perdida”, como “Amante Profissional”, divertidíssimo!

O mais legal é ver o público (que não é GLS) voltar a ser criança e ter a opção de ouvir outro tipo de música também. Além da parte dos shows, a casa dispõe uma pista de dança que, apesar de pequena, é bem animada.

Dica: Como também é restaurante (especializado em comida mediterrânea), a pedida é chegar mais cedo e provar um dos deliciosos pratos da casa. Cada prato isenta uma entrada, ou seja, jantando dá para consumir o valor que seria morto da entrada, pagar estacionamento apenas uma vez optando por jantar na própria balada, garantir mesa no local (tão disputadas mais tarde) e ainda aproveitar um showzinho de MPB que rola antes, até a meia-noite.
Site:
www.lanterna.com.br


Funk: Armazém da Vila

Chão! Chão! Chão! Tati Quebra Barraco rules! Essa é para, no mínimo, voltar para casa com a barriga doendo de tanto rir das letras escrotas e da tigrada dançando enlouquecida nas quartas do Funk na Vila, no Armazém, Vila Olímpia. Tem show da Quebra Barraco seguido de mais funk e black sob o comando do Dj Tubarão, responsável pela seleção do mal da Rádio Bandeirantes aos sábados e o pancadão do Gilberto Barros, no Sabadaço. É bem legal e, para quem curte dançar, dá para suar bastante e queimar umas calorias. Uma vantagem da casa é que possui uma parte do teto móvel para aliviar o calor nas noites mais quentes.

Dica: Não é povão e tem preço de balada normal da Vila Olímpia. Mesmo assim, é aconselhável que a mulherada não vá de saia por precaução. Ir com alguns amigos homens na turma também cai bem, já que o assédio é grande, embora o pessoal se respeite.
Site:
www.armazemdavila.com.br


Forró: Canto da Ema


“Olha isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais. Olha quem tá fora quer entrar, mas quem tá dentro não sai.” Forró de primeira. Pra gringo ver. (Sério, volta e meia tem algum estrangeiro conhecendo a casa. É ponto turístico). Na linha de Dominguinhos, Elba Ramalho, Jackson do Pandeiro, etc. Até para quem não gosta de dançar forró vale a pena porque os preços da casa são em conta e há dias de shows especiais como encontro de Elba e Dominguinhos e Rastapé, entre outros. O legal é que o pessoal vai para dançar mesmo. A gente sempre volta de lá sabendo um passo novo. Azaração existe, mas no Canto da Ema a maioria do público vai para dançar e sabe, o que é melhor! Dança uma música, agradece no final e já troca de par para a próxima, sem precisar saber o nome, de onde é, etc. Muito bom! É bem light, com um clima saudável. O tipo de balada que dá até para ir sozinho, dançar juntinho e sem precisar beijar ninguém heheheh

Dica: Roupas leves e sapato baixo é a primeira de todas. Se tiver alguma carteirinha de estudante, não esqueça de levar. Lá há meia-entrada. Tem forró de segunda a segunda, mas os domingos com o Bando de Maria e as quintas com shows diferentes são os meus favoritos.
Site:
www.cantodaema.com.br


Flashback: Asia 70


Bem freqüentada, longe dos just-eighteens que invadem as baladas, com restaurante japonês acoplado, uma decoração linda e uma pista bombada, com flashback e algumas músicas atuais também. Eleito pela Veja como o melhor lugar para paquerar em Sampa. De fato, tem bastante gente bonita. Uma das vantagens é de ser outra opção de jantar e balada num só lugar.

Dica: Vá bem arrumado. Quinta-feira é o melhor dia.
Site:
www.asia70.com.br


Rock: Café Piu-piu

Para quem gosta de rock mais clássico é uma pedida perfeita. Tem cara de pub e um público mais velho que acompanha em coro o repertório das bandas. Vale a pena conferir as sextas animadas pela banda Rockover. Só pela figuraça que é o vocalista já compensa a ida. Para entrar na casa também é em conta já que só cobram couvert artístico.

Dica: Se quiser conseguir uma mesa é bom chegar cedo. Não são aceitas reservas. A parte chata é que sem mesa é preciso comprar fichas no caixa para retirar os pedidos no balcão.
Site:
www.cafepiupiu.com.br


Pop Rock: Na Mata Café

Bom para o meio da semana, já que o lugar é pequeno e lota nos fins de semana, ficando insuportável. Bem freqüentada, mas com um público mais mauricinho, é um pouco cara, embora os shows paguem o valor do ingresso. As quartas são as noites mais famosas, quando a banda do Júnior (Sandy & Jr), Soul Funk, comanda o palco. Depois da banda, o som black predomina na pista.

Dica: O atendimento no bar ao lado da pista é péssimo, muito demorado. Ás vezes pode ser mais interessante caminhar mais um pouquinho e fazer os pedidos no bar da frente.
Site:
www.namata.com.br


Sertanejo: Villa Country

Esse definitivamente não está entre os meus ritmos favoritos, mas a casa é tão legal que a gente releva os hits “porta torta”. É um ambiente bem mais requintado, com um repertório, apesar de sertanejo, longe do gênero “Garagem da Vizinha”, povão. Para quem quiser aprender alguns passos, há instrutores mais cedo e alguns grupos que ficam dançando quadrilha no meio da galera. Foi lá onde a Globo comemorou o lançamento de novelas como América e Bang Bang. É bem divertido e pela beleza do lugar se torna uma casa indispensável de ser visitada.

Dica: Quem tem uma bota, um chapéu, uma camisa xadreza, um lenço ou um cinto no estilo cowboy pode tirar do armário e caprichar na produção, já que lá muita gente entra no clima e vai “fantasiado” mesmo.
Site:
www.villacountry.com.br


Bares: Empanadas, Filial e Dona Flor

Botecagem é o que há. Seja antes ou depois da balada, a noite não fica completa se não tiver uma passada por um bar ou, por que não, passar a noite toda conversando, bebendo e degustando uns petiscos no bom e velho boteco. As opções são muitas, mas minhas três favoritas são o Empanadas, o Filial e o Dona Flor.
Resumo da ópera:
Empanadas - Serra Malte e deliciosas empanadas a um custo surpreendentemente baixo.
Filial - Melhor fim de noite segundo a revista Veja. Cozinha aberta até altas horas para aliviar a larica dos mais boêmios. O caldinho de feijão é imperdível.
Dona Flor - Bom para esquenta. Bar em Moema, bem freqüentado, com música de balada para já ir entrando no clima.