setembro 29, 2008

Sombra na maromba

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Olha, esse negócio de ter seguidores no Twitter é muito bacana, mas ter alguém na tua cola de verdade, assim de carne e osso, não é muito confortável não. E eu, premiada que sou, tive o desgosto de ganhar uma sombra com muito mais carne do que osso e na academia.

Uma não, um para ser mais exata. E fui arrumar justo um seguidor que puxa ferro, um possível psicopata marombeiro, alguém que pode ver pelos pesos ridículos que eu levanto que não posso com ele mesmo. Que raiva! Logo eu, que tento parecer o mais invisível possível para freqüentar essa que não é lá das minhas faunas prediletas. Achei melhor compartilhar essa história, afinal se eu sumir de repente tá aí uma boa pista pra começar a investigar.

Não sei quando começou, mas já tem umas duas semanas que percebi ele rondando. Primeiro vi na escada. Saí de uma aula e o maluco tava lá, sentado no meio da escada, com os cotovelos sobre os joelhos e a cabeça apoiada em uma das mãos como se estivesse entediado de esperar por alguém que vinha daquela mesma direção.

Passei reto e ele logo se pôs de pé. Peguei minha ficha de treinos e a pessoa pára do lado para pegar a sua também. Segui para os alongamentos, ele também. Ia de um aparelho a outro e fosse na frente ou logo ao lado está o sujeito lá, e a lançar olhares.

Natural - pensei da primeira vez. Afinal de contas, o cara começou o treino no mesmo horário e nada mais normal que estar por perto. E depois entrei há pouco tempo pra academia, não é de se estranhar que as pessoas reparem na presença de um rosto desconhecido.

Mas a cena se repetiu. Várias vezes, em horários e dias alternados, sem deixar dúvida, ficando mais assustador. Vou para um lado, vou para outro, tento me isolar e ele lá, à espreita, a ponto de algumas vezes simplesmente se sentar num aparelho próximo e ficar me olhando, assim, sem mais nem menos, sem fazer exercício algum. Eu saio, ele levanta e sai também. Oh God!

E não fala a criatura. Se ao menos dissesse alguma coisa ficava mais fácil de xingar. Diz aí? Como que faz pra mandar um sujeito desses cair fora? Chamo o professor e vou dizer o que? “Olha aí, o cara tá me seguindo aqui dentro, faz ele parar, por favor?”

É complicado. Só sei que não estou gostando nada disso, apesar dessa história ter me lembrado agora um pouco de Ata-me, do Almodóvar... o que não seria nada mal se o maluco ao menos se parecesse com o Antonio Banderas.