Estou ficando com a bunda quadrada. É verdade! São tantas as horas sentada nessa cadeira em frente ao computador que sinto como se toda a voluptosidade de repente ficasse plana. E a idéia de bunda quadrada por mais metafórica que possa parecer me apavora.
Odiava a bunda chata da minha vó. Lembro que realmente sentia repulso por aquela imagem e ainda temo que um dia a genética me castigue por tão cruel julgamento. Mas era feia. Feia mesmo! Não sei como ela moldou (se é que dá pra chamar assim) a dela. Talvez seja realmente um traço da família, que graças a Deus não herdei e acabei puxando a turma da minha mãe nesse quesito.
É estranho como fui recordar nesse momento desse quase trauma de infância: a visão da bunda da minha vó. Não herdei o formato por ela, mas será que a minha realmente é passível de ser "enquadrada" pelos hábitos contemporâneos? Não sei, não quero nem cogitar essa hipótese, afinal bunda é um dos principais atributos da brasileira, produto tipo exportação, um dos motivos que atraem os turistas para as praias do país. Seria quase como perder a identidade.
Falando nisso, dizem que alguns homens reconhecem as mulheres pela bunda. Do tipo que olha para a cara da infeliz e nem faz idéia. Tão logo ela dá as costas lembra até do dia e ano que viu aquela bunda passar! Que horror! Mas fazer o que, não é? Aliás, se algum homem com esse tipo de cognição ler isso, por favor, disserte a respeito. Tenho muita curiosidade sobre o tema.
Estava revendo uns e-mails antigos outro dia e encontrei o texto da Bunda Dura, do Arnaldo Jabor, lembram? Um que ele defende uma tese que a mulher que tem bunda dura é uma chata que só se preocupa em malhar e comer alface, fútil, e que jamais vai saber apreciar um convite para tomar um bom chopp. Ele conclui valorizando a bunda que mesmo com celulite ou algumas gordurinhas é companheira. Fico pensando, e a bunda quadrada? Como entraria nessa história?
Se a bunda dura for signo de futilidade e a celulitosa, de companheirismo, poderia ser a bunda quadrada uma futura indicação de uma mulher trabalhadora? Uma marca do afinco com que passa horas dedicando-se a labuta nos computadores? Uma bunda workaholic? É de se pensar. Pelo sim, pelo não, acho melhor reduzir minha jornada de trabalho sentada. Ou arrumar uma almofada. Ou sugerir aos fabricantes de cadeiras de escritório que façam umas mais anatômicas. Por motivo de força maior. Pela preservação do patrimônio nacional! (Hahahah...)