outubro 27, 2005

Em busca do pecado original


Fiquei incumbida de descobrir a origem do pecado. Garimpar a história da maçã e toda a simbologia agregada nela. Não, não tenho a menor intenção de acabar com o mal pela raiz. Aliás, tô mais para adepta do que para censurar. É pura necessidade acadêmica mesmo, somada a um pouco de curiosidade também.

Por ora, pouco sei além de Adão e Eva, mas vá lá. Logo, logo vou estar expert no assunto. Em homenagem ao tema aí vai uma letra do Raul que adoro e tem tudo a ver com o assunto. By the way, por que as pessoas teimam em achar que são donas umas das outras? Como já dizia Raulzito “o amor só dura em liberdade...” vale a pena pensar.



A maçã

Se esse amor ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor, vai se gastar
Se eu te amo e tu me amas
E um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais
Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa no altar
Quando eu te escolhi para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi que além de dois existem mais
O amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro mas eu vou te libertar
O que é que eu quero se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar

outubro 26, 2005

Pornô pra mendigo ver

São Paulo se auto-intitula capital de uma série de coisas, entre elas do entretenimento. E não é que é mesmo? Tá me convencendo. Além dos inúmeros teatros, cinemas, restaurantes, casas noturnas para todas as tribos e claro, das vaquinhas simpáticas do Cow Parade espalhadas pela cidade, São Paulo parece não se esquecer de entreter também seus moradores de rua. Isso que é qualidade de vida!

Ontem, caminhava pela Av.Paulista umas 21 horas. Noite quente, sossegada. A butecada de elite lotada de universitários e engravatados curtindo um chopps (heheh), para aliviar o calor. Vi uma muvuca em frente ao Masp, palco de protestos e feirinhas por aqui.

Era só um telão. Estavam projetando filmes italianos com legenda e a mendigada curtindo em volta. Acho que pouco entendiam, mas sacanagem é igual em qualquer língua. O pessoal tava animado com a putaria que rolava no telão. Um absurdo. Talvez fossem só aquelas cenas no momento que eu passava por ali, mas muito fácil de causar constrangimentos. Dá medo ver mendigo com a mão no bolso te olhando meu estranho heheh

Não lembro de que diretor eram os filmes. Até procurei no guia de programação, mas não achei. Vou ficar devendo essa informação, mas mesmo assim, não podia deixar de compartilhar esse momento. Será que São Paulo também quer levar o título de capital da sacanagem? Não sei, mas de maior Parada Gay já conseguiu hahahah É a fonte nêga! E putaria mesmo acontece em Brasília, concorrente forte. Onde todo mundo "fode" com todo mundo.

Falando nisso, tem duas coisas nessa linha que quero ver. Uma é a exposição Erotica - Os sentidos na arte que mostra mais de 150 peças que abordam o erotismo em períodos distintos. Coisa fina. Outra é a peça Filosofia na Alcova, do grupo Satyros, baseada em contos do Marquês de Sade, na qual dois depravados tentam pervertir uma virgem. Super bem aceita pela crítica (com três estrelinhas) e passa à meia-noite, muito bom!

Para quem tiver por Sampa afim de saber mais tem sites que falam dos dois: http://www.cultura-e.com.br/ e http://www.satyros.com.br/ Vou ficando por aqui. Se encontrar outras indícios da candidatura paulistana, eu aviso, ok?
Foto: Masp - Museu de Arte de São Paulo, de Luiz Prado. Tirada do site da Prefeitura de São Paulo

outubro 24, 2005

Como repartimos os amigos?

Ouvia outro dia um cd espanhol, meio tosco, meu sertanejo (do tipo que Wanessa Camargo gravaria uma versão), mas com uma ou outra música interessante. Era de uma dupla. Marta & Marilia (fala sério? Que meeedo desse nome!), e uma das canções dizia assim: “Nada es tuyo, nada es mio,¿cómo repartimos los amigos? ¿Cómo repartimos los recuerdos de este amor...?”

Tudo bem. É meio dor de cotovelo também, mas foi a primeira vez que ouvi uma música que se lembrasse dos amigos em uma separação. Êta situaçãozinha corrente e complicada! Afinal amizade é tema que rende propaganda da Mastercard. “Não tem preço!” Inclusive alguns amigos oriundos do lado de lá.


Claro que a banda toca conforme as circunstâncias do fim, mas vez ou outra dá um prejuízo danado. Nosso “saldo” de amigos pode ficar mais negativo que risco-Brasil por conta de evitar desconfortantes reencontros. Quando não é o contrário e os laços continuam, dando lá no fundo aquela dolorosa sensação de traição ao ter amigos saqueados pelo nosso ex-bem-querer.

Nesse quesito, pelo menos, não posso reclamar. Sempre tive amigas fiéis do meu lado, que por livre e espontânea vontade só mantiveram contato com aqueles que eu também continuei com uma amizade saudável. Mas deve ser muito ruim se fosse em outra
situação. Não sei se lidaria bem com isso se fossem amigas de alguém com quem tive um final caótico. Se fosse traída, mal tratada, desprezada ou levasse um belíssimo pé na bunda, sei lá, seriam outros quinhentos.

Fico pensando. Será que é legal ser amiga dos amigos do ex? Não pode parecer sacanagem, às vezes? Mantive certa distância por um tempo, mas sempre tive meus queridinhos remanescentes de amigos em comum e vivi na pele essa dúvida cruel. Na verdade ainda não tenho uma resolução, mas o fato é que agora estou com os amigos. Goste ou não goste, nem imagino a opinião, que sinceramente espero que seja nula, indiferente.

E a música seguia dizendo:
“Una historia siempre tiene dos finales. El tuyo y el mío. No recuerdo cuántos daños cerebrales causamos los dos (...). Ahora está claro, cada uno por su lado, pero de que lado estoy...”

Como fica o lado dos amigos então? E quando a turma não era agregada e sempre foi a mesma? Também já fui amiga de casal e é duro, principalmente no começo, manter a fidelidade de amiga inabalável numa situação dessas. Um sempre vai perguntar algo que não deveria ser dito, mas que a omissão pode ser entendida como deslealdade. É duro, é duro!

Por ora, sigo feliz com os amigos sobreviventes dessa injusta partilha. “Se nada es tuyo, nada es mío..."


Foto: Capa do cd de Marta & Marilia