fevereiro 28, 2006

CPI do Carnaval!

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Injustiça. Sacanagem. Puxada de tapete descarada. Essa foi a sensação e o sapo entalado na garganta dos componentes da Gaviões da Fiel. Não só da torcida e da comunidade, mas, certamente, de muitos amantes do samba que em coro amargam essa baixaria. E de mãos amarradas.
Não sou paulista, nem corinthiana e muito menos torcia pela escola, mas assisti a um desfile empolgante, de samba-enredo fácil e gostoso de dançar. Dava até gana de cantar "Sou anjo Gavião nas asas da imaginação..." Perder pontos por estourar o tempo, tudo bem, mas a pontuação baixa generalizada ficou muito suspeita. Gostaria de ver a justificativa dos jurados, que segundo as novas regras, devem constar junto às notas. Para mim, o carnaval de São Paulo que se mostrava em plena evolução, mais maduro, mais bonito, um espetáculo de grande qualidade cai em descrédito quando um evento lastimável como esse acontece. Não será somente a Gaviões a ser rebaixada. A derrota é também do carnaval paulistano. Que perde o prestígio. Todos saem perdendo.
O carnaval que é uma festa para trazer alegria e encantar a espectadores e foliões cai na desgraça burocrática. Ao invés de breve ruptura autorizada da ordem, uma mímese da mais desleal face do dia-a-dia. Cheia de regras e oportunidades para sabotar legalmente a quem bem entenda. Sem querer desmerecer, não sei como vence uma escola com desfile tecnicamente correto e de arquibancada muda. A animação deveria ser um imperativo no carnaval.
Injusta. Muito injusta. A Liga deveria se envergonhar. Shame on you! E de todos os jurados que possam ter colaborado para a execução dessa infame rasteira na Fiel, uma escola com 30 anos de carnaval paulistano. Quem será a próxima vítima? Protestaram os torcedores da Gaviões com faixas que clamavam por moralização e uma CPI do carnaval. É uma pena, provavelmente não dê em nada.
Nessa quarta-feira de cinzas, espero que este gavião renasça feito fênix. Parabéns Gaviões! Lindo desfile, samba de primeira e uma elegância exemplar ao deixar a apuração no sambódromo sem nenhuma confusão. De baixaria, já basta a deles. Acenderam as luzes e acabaram com a nossa festa. E a sujeira? Rogo que daqui pra frente só vejamos de confete e serpentina.
Sou Anjo... Gavião
Nas Asas da Imaginação
Eu QUero Paz... Olho pro céu
E Peço a benção de São Jorge pra Fiel
Vi Num Sonho de Criança
Meu Pensamento Flutuar
Abraçado às Estrelas
Eu Me Senti Mais Leve que o Ar
Vi Também A Passarola
Pego a Viola Sou Feliz e vou cantar
Lá Vem o Trem... Lá Vai Balão
Santos Dumont... 14 Bis
Glórias Para O Meu País
Bonjour... Mon Amour... París
E Assim... Cruzando Mares
Navegando Pelos Ares... Conquistei
A Lua... O espaço Sideral
Volto A Realidade
Mas Que Saudade De Ganhar o Carnaval
Tô dentro da Pista...
Eu Quero Voar
Aperte o Cinto
Vamos Decolar
Amor em teus Braços
Vou Me Apaixonar
Eu fico louco só de Imaginar

fevereiro 08, 2006

Aniversários

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2 de fevereiro. Dia de Nossa Senhora dos Navegantes e véspera do meu. Para minha estranheza, descubro que não é feriado em São Paulo. Que legal! Impossível evitar certa empolgação com o meu histórico. Sim! Para quem viveu anos à sombra de homenagens à Iemanjá, amargando aniversários em meio a feriadões, quando não enfrentando uma verdadeira via crucie na praia, chutando melancia e caroço de milho verde, desviando de frango assado e quase furando os pés em cacos de vidro dos espelhinhos ofertados à santa nos festejos à beira-mar. Costumes do sul, que não me orgulho nem um pouco. Será que por esses lados também tem disso? Não sei.

Fui uma aniversariante frustrada por muito tempo. De festinhas não mais vazias graças a parentada de fé e dos beberrões e barrigudos que não perdem uma boca livre por nada. Adoro ser aquariana, ter nascido às três da tarde, em pleno verão, no mês e país do carnaval, mas não poder ser presenteada com a presença de muitos amigos queridos sempre foi um fato que me custou a aceitar.

E nos tempos de escola então? Que aquelas ingratas férias estudantis de três meses só colaboravam para impossibilitar a reunião dos buddies mais chegados. Aprendi a duras penas e litros de lágrimas a entender que meus amiguinhos não viriam na minha festa porque os pais estavam de férias em Florianópolis, Capão da Canoa, passeando pelo nordeste ou mandaram os pimpolhos para Disney, enfim, na puta que pariu bem longe de onde eu inventei de comemorar.

É, nem ovo na cabeça eu levei (Esse hábito será que existe aqui também?). Pelo menos não em virtude do meu aniversário. Confesso que já cheguei a sentir uma ponta de inveja dos colegas que voltavam do colégio com as cabeças adornadas por farinha, ovo, mate, areia, catchup, tinta guache, todo o tipo de porcaria pegajosa e fedida que estivesse ao alcance ou cálculo premeditado daquelas mentes brilhantes. Eu sei. Aquilo levaria dias para devolver às madeixas o cheiro de shampoo. Nojento, mas uma sincera, embora esquisita, demonstração de lembrança e carinho dos companheiros de classe. E era justamente essa sensação que eu desejava ter. Por um período cheguei a cogitar a hipótese de celebrar os meio-anos completos. Quem sabe assim, fazendo meio-ano em agosto, eu teria a chance de juntar a tchurma. Achava a idéia genial, mas não colou. Não sei porque as pessoas têm tanta resistência a abrir mão de velhos paradigmas! Anyway, segui soprando velhinhas só em fevereiro, com a platéia que fosse, que fui também aprendendo a valorizar.

Neste ano as bodas chegaram em São Paulo. Na babilônia apressada que não tem o dia 2 destacado nos seus calendários. Num mundo mais maduro, onde meus amigos já não passam meses ao ar livre em praias distantes, mas de segunda a sexta na labuta em estruturas de concreto por aqui mesmo.

Arrisquei. Agendei uma comemoração, mesmo estando bem familiarizada com a minha sorte rotineira nessa data. Seria em um bar que me daria uma garrafa de champanhe independente dos meus convidados aparecerem. Para variar, deu merda. O lugar estava uma droga. Tudo bem. Nenhuma surpresa. Com a serenidade que o tempo me deu, saí, enviei mensagens, remarquei em outro local e me dirigi para lá, decidida a não deixar passar em branco e a aproveitar a companhia de todos aqueles que se dispusessem a me prestigiar. E foi assim, gostoso e despretensioso que comemorei meu aniversário. Não meio-ano, mas ano inteiro e em fevereiro, em pleno verão, no mês e país do carnaval.


Obs: Obrigada a todos que estiveram presente. Significou muuuito pra mim. E também a todos que lembraram, me ligaram, escreveram ou mandaram mensagens de parabéns! Muito obrigada!