maio 01, 2007

Há algo de sujo na outra face da maçã


Numa noite é um inocente papo quente com vinho, entre amigas, no dia seguinte me vejo cercada por pintos de plástico. Pois é, eu bem que tento me afastar desse universo promíscuo, mas de alguma forma carmática ele me persegue.

Estava lá, pendurada no meu pescoço em caracteres encarnados, a credencial que identificava: “Erotika Fair - a feira mais transada da América Latina!” Olha que gostoso? O que a gente não faz por uma amiga, hein?

Fui lá, firme e forte, fazer a solidária companhia à colega que pre-ci-sa-va ir àquela feira a trabalho. Ócios do ofício... de jornalista, entende?

“Por favor, de onde saem os ônibus para feiras?” – perguntou ela, discretamente, ao guarda que estava por perto. Com um sorrisinho sacana e aquela olhada de cima abaixo o sujeito disse: “É pra feira erótica?” Esperou a confirmação e só depois orientou, como se tivesse muitas vans saindo para feiras do Tietê.

Constrangimento pouco é bobagem e aquele foi só o primeiro. Chegando ao ponto, o naipe da galera que aguardava o frete: Pederastas, mulheres da vida, candidatos a sofrer de fortes crises de LER nos punhos, enfim, só gente fina. E nós, claro, naquele cortiço ambulante.

Roda, roda, roda, até que pára. Mal descemos da van e já se avista um motel-móvel estacionado na entrada, com projeções de cenas, quiçá, muito úteis para um residente de ginecologia. Gemidos e bate-estaca se misturam na trilha local. E lá estavam eles, os consolos, tão populares na decoração e na oferta como as bolinhas de natal no fim do ano.

E os shows? Esperava encontrar na programação propostas mais teóricas e menos empíricas, mas não. Havia um festival de darkrooms: “fantasias eróticas”, “massagem erótica”, “sodoma”, “show de lésbicas”, “show de sexo explícito”, “labirinto do prazer”, hipnose, sala de voyerismo, homens de sunga e capinha preta pelos corredores e por aí vai. Uma visão do inferno, algo para episódio de Além da Imaginação.

A barbárie dali tinha transformado toda a nossa malícia convicta em uma piadinha infantil. Foi-se o limpo, o bonito, o saudável. Saímos de lá vivas e imaculadas, com os pés doendo e uma ânsia no gogó.

14 comentários:

Anônimo disse...

Concordo em parte com suas impressões da feira. Eu adorei ter ido visitar, embora eu tenha ido sozinha e não tenha tido coragem de pagar os R$ 30 para ver as atrações - por absoluta falta de dinheiro, explique-se (aproveitei a van, que era de graça, pelo mesmo motivo). E a Erotika é meio que nem carnaval, tudo pode, pelo menos ver..rs..e quem não é do riscado se assusta mesmo. Como eu que, acredite, fiquei inibida, perto daqueles pintos de plástico que tinham três velocidades de "trabalho", tal qual uma batedeira. Bom, vai ver a idéia é essa...

Paula Pereira disse...

Van, entramos com credencial na ala dos R$ 30. E é justamente essa a banda podre, haja, viu! Bjus

Anônimo disse...

Ah, como eu queria ter ido com vocês com essa credencial - para eu tirar minhas próprias conclusões!!! Mas eu acho que eu ia curtir...e muuuuuito!!! Ainda mais sem ter de pagar..rs..rs..quem sabe no ano que vem..rs..

Lord Lino disse...

Hum... com um pouco mais de desapego aos valores cristãos-ocidentais a experiência poderia ter rendido histórias divertidas... Não que eu me considere um depravado, mas se fosse jornalista, consideraria eventos do tipo uma boa oportunidade para escrver uma matéria e tentar infiltrá-la no programa da Sônia Abrão (nem sei se é assim que escreve). As donas de casa do país iniciariam uma revolução sexual sem precedentes, que se traduziria em menos criminalidade e brigas de trânsito

Paula Pereira disse...

Olha, eu sou totalmente partidária do "Sexo pela Paz", mas o negócio por lá estava mais sacanagem por sacanagem. Da baixaria pouco se aproveite, infelizmente. Até ia de porta em porta me informando sobre o que se passava nas salas. Um desses seres de sunga tentou me mostrar uma sala totalmente escura em que se podia ser apalpado por estranhos. Sorry, mas assim não rola. Eu decido quem passa a mão em mim, ainda que por uma matéria de experiência, que não era o caso.

Álvaro Lima disse...

HAHAHAHA - quem me dera ter me metido nessa com vocês! Eu acho que teria suportado quase tudo numa boa (quase) e sei que as risadas seriam proporcionais aos constrangimentos. Tu me conhece e sabe que o os meus maiores problemas seriam com a música bate-estaca e os homens de capa e sunguinha...

Paula Pereira disse...

Álvaroooo! Ficou faltando tu, realmente. Esse é o tipo de programa que costumávamos fazer juntos hahahaha anyway, é algo mais pensado para homens, sem dúvida, tu ia gostar. Pra quem tu acha que fizeram o show de lésbicas? E mulheres não costumam ser tão visuais. Bjus!

Anônimo disse...

Hum. Fora o fato de que a maior parte da indústria pornô é direcionada para o público masculino mesmo e que feiras temáticas são tortuosas pra mim, conversar sobre fudeção sempre é interessante.
Não fui, não sei, deprezo a nova geração "swinger" e desejo boa sorte em alguma próxima aventura.

Lord Lino disse...

Grande Paulão! Sempre tentando colocar algum requinte na mais simples putaria básica...

Gabriela disse...

Mas rendeu matéria? He,he,he...

Paula Pereira disse...

Veja bem, Gabi. Trabalho em uma revista de tecnologia, logo o mais próximo da linha editorial na feira seriam as baterias dos consolos eletrônicos, por assim dizer hehehe enfim, pra minha amiga que trabalha para uma revista feminina deu uma ajudada sim

Diógenes Pacheco disse...

Escrevi sobre minha LER na mão direita esses dias, no blogue - falando nisso...
(Ânsia no gogó? Ficou estranho... :)

Anônimo disse...

vcs saõ um monte de frustadas e mal comidas, a feira foi "ducaralho"...

ainda bem que existe gente que tenta fazer o Brasil um país melhor...

pena que existem imbecis como vcs que só sabem criticar, se não gostam desse tipo de coisa pq vao la malhar?

bom, se vcs tem esse direto, eu tbm tenho de vir aqui lamentar o texto preconceituoso.

Paula Pereira disse...

Tá certo Hugo, se não tivesse público a feira não existiria. Acho até que faz muito mais o gosto dos homens, afinal, não é à toa que eram maioria, não faz o meu e só descobri isso INDO, enfim. Agora opinião não é preconceito, viu? E imbecis? Faça-me o favor, né? Prezo por um espaço democrático, respeito os pontos de vista e por isso mesmo nem vou apagar esse teu comentário infeliz, mas é lamentável ver opiniões que apelam para o ofensivo. Shame on you! Será bem-vindo sempre que com o mínimo de educação,ok?