março 07, 2006

Brokeback Mountain, refri gay e iniciativa feminina

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Sexta-feira. Última sessão. Uma corrida só para ver os principais indicados ao Oscar em tempo de acompanhar a cerimônia. Já adianto que não consegui ver todos que gostaria. Confesso até que estava bem mais inclinada a assistir Paradise Now, indicado para melhor longa estrangeiro, do que priorizar o filme que José Simão carinhosamente apelidou de “Rave na Montanha”, favorito para levar os homenzinhos dourados para casa e com quatro estrelinhas dadas pela Veja.

Pois bem, que mal tem. Afinal a produção palestina só estava em cartaz em um cinema e sem sessões extras como a dos cowboys. Aliás, abre parênteses, nunca mais a expressão “tomar um cowboy” terá o mesmo sentido para mim. Viram como os caras se encharcavam de uísque? Puro? Será que foram nas pescarias de um Clube do Bolinha gringo e muito suspeito que surgiu a expressão?

Não importa. O que interessa é que o amor é lindo, o Heath Ledger é lindo e a Pepsi é gay! Para quem ainda não viu ou resolver entrar no clima do tema e deixar aflorar o teletubbie que tem dentro de si (De novo! De novo! Heheheh) nem precisa prestar muita a atenção para identificar o logo da Pepsi no México, onde, segundo consta na própria narrativa, tudo pode. Os “chicos” podem ficar soltos e endurecer sem perder a ternura. Será que foi apostando nesse nicho que a marca lançou o Pepsi X na esperança de regar as loucas noites de rave? E a Coca-cola no filme? Aparece imponente, num freezer bem grande e vermelho atrás de um casal hetero. Estranho, muito estranho...

Bom, eu não quero contar a história pra quem não viu até porque é o tipo de sacanagem que ninguém merece, portanto, se alguém se sentir ameaçado lendo esse texto SAIA JÁ E SÓ VOLTE COM O FILME VISTO! Se não, pode ler porque eu não vou contar nada de mais mesmo. Além de muito alcohol, da guerra dos softdrinks e de talvez, promover uma bela campanha anti-tabagista homofóbica (só os gays fumam nesse filme, é incrível!), outra coisa poderia soar como uma indireta à mulherada, como quem diz: “Se ele te viu, você deu mole e ele nem, esquece garota! O gato não tá afim ou não gosta da fruta”.

Meus primos estiveram em Sampa semana passada. Durante a exibição do filme foi inevitável lembrar de uma observação feita em relação ao comportamento dos homens e mulheres na noite paulistana. Disse meu primo: “Bah, os caras são meio parados por aqui, né? Não chegam muito nas gurias”. “Não é sempre assim, mas a mulherada aqui também não perdoa”, respondi.

Existem inúmeros fatores pra justificar a falta de timing dos meninos (covardia, comodismo, timidez, achar que a carne daquele açougue é de segunda mesmo,...), mas fiquem espertas, colegas! Hello! São Paulo não conquistou o título de uma das maiores paradas GLBT do mundo à toa. Há maneiras bem mais femininas de se demonstrar interesse sem um approach mais agressivo. Quando o cara não quer, não quer. Não adianta forçar a barra nem é inteligente chamar de veado. Deixa estar. Eu vou deixar. Pelo sim, pelo não, só quero bambi infeliz na minha cama se for em estampa de lençol neo-expressionista. Pessoal, sem ofensa, viu? Como dizia um ex-cunhado, “eu sou S”! Amigo, amigo...

Um comentário:

Anônimo disse...

E aí, Paula!!
Adorei seus textos, fluentes e lisos como sabonetes. Explico..rs..não são aqueles que se pára para entender ou porque perderam o sentido. Lisos porque escorregam mesmo, não machucam..rs..vi o filme e gostei! Sem vergonha de ser feliz!!! Escreva mais...eu também escrevo, adoro..rs..beijo!!