fevereiro 08, 2006

Aniversários

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2 de fevereiro. Dia de Nossa Senhora dos Navegantes e véspera do meu. Para minha estranheza, descubro que não é feriado em São Paulo. Que legal! Impossível evitar certa empolgação com o meu histórico. Sim! Para quem viveu anos à sombra de homenagens à Iemanjá, amargando aniversários em meio a feriadões, quando não enfrentando uma verdadeira via crucie na praia, chutando melancia e caroço de milho verde, desviando de frango assado e quase furando os pés em cacos de vidro dos espelhinhos ofertados à santa nos festejos à beira-mar. Costumes do sul, que não me orgulho nem um pouco. Será que por esses lados também tem disso? Não sei.

Fui uma aniversariante frustrada por muito tempo. De festinhas não mais vazias graças a parentada de fé e dos beberrões e barrigudos que não perdem uma boca livre por nada. Adoro ser aquariana, ter nascido às três da tarde, em pleno verão, no mês e país do carnaval, mas não poder ser presenteada com a presença de muitos amigos queridos sempre foi um fato que me custou a aceitar.

E nos tempos de escola então? Que aquelas ingratas férias estudantis de três meses só colaboravam para impossibilitar a reunião dos buddies mais chegados. Aprendi a duras penas e litros de lágrimas a entender que meus amiguinhos não viriam na minha festa porque os pais estavam de férias em Florianópolis, Capão da Canoa, passeando pelo nordeste ou mandaram os pimpolhos para Disney, enfim, na puta que pariu bem longe de onde eu inventei de comemorar.

É, nem ovo na cabeça eu levei (Esse hábito será que existe aqui também?). Pelo menos não em virtude do meu aniversário. Confesso que já cheguei a sentir uma ponta de inveja dos colegas que voltavam do colégio com as cabeças adornadas por farinha, ovo, mate, areia, catchup, tinta guache, todo o tipo de porcaria pegajosa e fedida que estivesse ao alcance ou cálculo premeditado daquelas mentes brilhantes. Eu sei. Aquilo levaria dias para devolver às madeixas o cheiro de shampoo. Nojento, mas uma sincera, embora esquisita, demonstração de lembrança e carinho dos companheiros de classe. E era justamente essa sensação que eu desejava ter. Por um período cheguei a cogitar a hipótese de celebrar os meio-anos completos. Quem sabe assim, fazendo meio-ano em agosto, eu teria a chance de juntar a tchurma. Achava a idéia genial, mas não colou. Não sei porque as pessoas têm tanta resistência a abrir mão de velhos paradigmas! Anyway, segui soprando velhinhas só em fevereiro, com a platéia que fosse, que fui também aprendendo a valorizar.

Neste ano as bodas chegaram em São Paulo. Na babilônia apressada que não tem o dia 2 destacado nos seus calendários. Num mundo mais maduro, onde meus amigos já não passam meses ao ar livre em praias distantes, mas de segunda a sexta na labuta em estruturas de concreto por aqui mesmo.

Arrisquei. Agendei uma comemoração, mesmo estando bem familiarizada com a minha sorte rotineira nessa data. Seria em um bar que me daria uma garrafa de champanhe independente dos meus convidados aparecerem. Para variar, deu merda. O lugar estava uma droga. Tudo bem. Nenhuma surpresa. Com a serenidade que o tempo me deu, saí, enviei mensagens, remarquei em outro local e me dirigi para lá, decidida a não deixar passar em branco e a aproveitar a companhia de todos aqueles que se dispusessem a me prestigiar. E foi assim, gostoso e despretensioso que comemorei meu aniversário. Não meio-ano, mas ano inteiro e em fevereiro, em pleno verão, no mês e país do carnaval.


Obs: Obrigada a todos que estiveram presente. Significou muuuito pra mim. E também a todos que lembraram, me ligaram, escreveram ou mandaram mensagens de parabéns! Muito obrigada!

3 comentários:

Ju* disse...

Entendo sua frustração minha querida Paula! Passei pela mesma há pouco, mas te adianto, vai piorar! Isso se chama VIDA ADULTA! Essa porcaria que inventaram que não mais nos permite colocar chapéuzinho do Mickey sem parecer patética. Essa mesma que nos obriga a ser comportada, comedida e sempre muito elegante. Anyway, teria comemorado com vc mesmo no barzinho furado se eu morasse mais perto, pode acreditar! Adoraria compartilhar da sua perciosa companhia. E teríamos nos divertido muito, posso garantir.
Só te aconselho o seguinte: não comemore meio-ano, vc set ornaria uma leonina, e sabemos muito bem o que isso representa em nossas vidas, heim!
Sou a favor de vc se manter aquariana!
Grande beijo. E felicidades e comemoração não só no dia 3, e sim no ano todo, porque a vida é bonita demaisssssss!

VAN disse...

Um feliz aniversário atrasadinho!

Anônimo disse...

Que bom que tu teve um aniver legal :)
Saiba que tu não és a única que já penou nessa data tão especial. Às vezes as aulas começavam no dia ou perto do meu niver e ninguém lembrava, mas eu posso dizer que tive o privilégio de levar umas "ovadas" na cabeça na 5a. serie!!! hahahaha
Eu estava pensando que daqui a pouco é o meu. Pena que tu nao vai estar aqui pra comemorar comigo, mas prometo me divertir tanto qto se tu estvesse junto tá ;)

Bjssss