janeiro 26, 2006

Acorda, Tininha!


Não lembro a última vez que li com fé meu horóscopo, mas recentemente fui assaltada por essa nostalgia, uma vontade estranha de voltar a acreditar na influência do zodíaco.

Confesso que cresci viciada em revistinhas astrológicas. Enquanto a maioria das meninas da minha idade babava, debruçada sobre as fotos do Brad Pitt e tentava descobrir naquela literatura teen, entre tantas outras dúvidas bestas, se afinal OB tirava ou não a virgindade, eu, no “alto” dos meus 11 anos, comprava religiosamente meu guia astral do mês. Já sabia qual era meu ascendente, signo solar, lunar, complementar, chinês, etc. muito antes da primeira menarca.

Diria até que foi João Bidu quem me introduziu o hábito de ir às bancas se não fossem os gibis da Turma da Mônica. A propósito, lembram da Tina? Amiga do Rolo? Uma hippie, de óculos, muito supersticiosa? Adoro a Tininha! Tenho registrado na memória até hoje as histórias em que ela fazia ou deixava de fazer uma série de coisas em virtude do que rezava o horóscopo.

Já fui assim. Não de cancelar meus planos com medo de ser penalizada pelos astros, mas de ficar esperançosa, na expectativa da realização de coisas boas quando a previsão me era favorável. Tinha o costume de tentar descobrir o aniversário dos meninos por quem havia desenvolvido uma paixonite platônica só para checar se o signo combinava com o meu. O nome completo e a idade para a numerologia. Conferia as possibilidades daqueles proto-relacionamentos terem algum futuro, os dias mais propícios para a realização do amor, para cortar o cabelo ou quem sabe fazer uma fezinha. Tolice, mas de uma inocência gostosa absurda. Um gozo que, com o passar do tempo, o descrédito na astrologia e a maturidade levaram ao esquecimento, mas que hoje sinto renovado o desejo de despertar essa Tininha adormecida dentro de mim.

Estamos no começo do ano e outra vez minha mãe saiu em busca do Almanaque do Pensamento que, segundo ela, “não falha nunca!”. Por livre e espontânea pressão li com o descompromisso de quem folheia uma revista de fofocas velha. Naquele almanaque estavam citados os percalços de 2005. Aconselhava os aquarianos a terem prudência e responsabilidade em 2006 e anunciava uma infinidade de realizações no trabalho, no amor, nos estudos...

É, parece que este é o meu ano. E também do meu signo no horóscopo chinês. Que beleza, não? As forças do universo conspiram a meu favor! Era tudo que eu queria! Penei ano passado. Sofri mudanças radicais. Aprendi muitas lições, sem dúvida, como também tive momentos de alegria inesquecíveis, porém, na hora de pôr na balança, não há como negar que foi dureza. Essa previsão de um ano bárbaro, próspero, é convidativa demais para abandoná-la na sarjeta da indiferença.

Acreditar é tão bom! Quanto mais desapegada do mítico e divorciada das crenças me fiz, mais forte fui tendo a certeza que a lucidez do meu ceticismo não paga o prazer de acreditar. Pois bem, que mal há de causar? Vou apostar minhas fichas na tolice dos velhos tempos e celebrar bem contente a chegada do ano novo chinês no dia 29, o ano do cão (e que não seja DE CÃO, veja bem). E quem sabe até comer nhoque com dinheiro embaixo do prato para ver se engordo meu pé-de-meia.

Um comentário:

Anônimo disse...

É Paula, nada melhor que essas maravilhosas previsões para fazer renascer nossas esperanças, ainda mais quando estamos sob "forte tempestade". Mesmo que não sejam totalmente verdadeiras, ao menos nos dão forças para buscar nossa felicidade...
Eu continuo acreditando no "futuro brilhante" visto por aquela cartomante!!!!