novembro 03, 2005

The survival tales of a beautiful girl saying "no, I´m not a bitch" *


Aconteceu quando menos esperava. Era primeiro de novembro, véspera de feriado. Ia à casa de uma amiga no centro de São Paulo para de lá cairmos na boemia, iríamos juntas a um aniversário na Vila Madalena.

Sequer estava preparada para sair à noite naquele dia. Foi decisão de última hora. Recém tinha saído da aula de espanhol e perambulava pela Av. Paulista lá pelas nove da noite, com minha pastinha na mão e sem um crédito no celular. Mesmo assim conseguimos combinar por telefone nossa saída.

Pegaria um ônibus e encontraria com ela ao lado do prédio da Folha, na Barão de Limeira com a Duque de Caxias. Essa era a referência, aliás. Pedi ao cobrador para me avisar, afinal, fazia tempo que não andava de ônibus por aquelas bandas, ainda mais à noite, nessa cidade que insiste em me causar essa sensação de estranheza eterna.

“É a próxima!” – disse o cobrador. Juntei minhas tralhas e desci. Foi aí que então um táxi parou perto de mim, bem no momento em que cruzava a esquina combinada. Buzinou, nem dei bola. Insistiu e daí percebi do que se tratava. Havia um homem no banco do carona. Parecia meio arisco, olhava para todos os lados atento a movimentação do local. Tive certeza que estava no lugar errado na hora errada, mas para minha sorte havia algumas pessoas por perto, não estava num ambiente completamente deserto.

Para meu espanto gritou: “Tá sozinha? Entra aí, eu pago bem.” Não acreditei. Acelerei o passo e logo os perdi de vista. Como podia? Ainda se estivesse com uma minissaia ou com um decote como de costume, mas não. Vestia uma calça preta até o tornozelo e terninho branco. Tava mais para Barbie executiva do que puta de beco. Sequer um esmalte encarnado. Não entendi, mas deu medo. Mais medo que do mendigo de outro dia.

Só pode ter sido a mais pura proposta indecente. Tô longe da Demi Moore, mas não posso ter sido confundida, no way! Não naquele dia. Não daquele jeito. Ou era mesmo desespero do cara, uma abordagem aleatória, porque o naipe das primas por lá não é dos melhores. A primeira com todos os dentes na boca que viu, pimba! É essa!

Que medo, que medo mesmo. Sozinha na esquina nunca mais!
* Título sugerido pelo amigo Pase, quando ouviu os relatos desse fatídico episódio.

2 comentários:

Anônimo disse...

A amiga do centro: eu. O homem do taxi: talvez, a sua alma gêmea. Mais uma noite boemia.....para onde o meu mundo vai?!!! E amanhã....é recém sexta-feira.....quantos copos me aguadam, quantas bocas me salivam?!

Anônimo disse...

paula! a-do-rei! tá nos favoritos!
ganhaste + uma leitora aqui no paralelo 30...
beijos.