outubro 24, 2005

Como repartimos os amigos?

Ouvia outro dia um cd espanhol, meio tosco, meu sertanejo (do tipo que Wanessa Camargo gravaria uma versão), mas com uma ou outra música interessante. Era de uma dupla. Marta & Marilia (fala sério? Que meeedo desse nome!), e uma das canções dizia assim: “Nada es tuyo, nada es mio,¿cómo repartimos los amigos? ¿Cómo repartimos los recuerdos de este amor...?”

Tudo bem. É meio dor de cotovelo também, mas foi a primeira vez que ouvi uma música que se lembrasse dos amigos em uma separação. Êta situaçãozinha corrente e complicada! Afinal amizade é tema que rende propaganda da Mastercard. “Não tem preço!” Inclusive alguns amigos oriundos do lado de lá.


Claro que a banda toca conforme as circunstâncias do fim, mas vez ou outra dá um prejuízo danado. Nosso “saldo” de amigos pode ficar mais negativo que risco-Brasil por conta de evitar desconfortantes reencontros. Quando não é o contrário e os laços continuam, dando lá no fundo aquela dolorosa sensação de traição ao ter amigos saqueados pelo nosso ex-bem-querer.

Nesse quesito, pelo menos, não posso reclamar. Sempre tive amigas fiéis do meu lado, que por livre e espontânea vontade só mantiveram contato com aqueles que eu também continuei com uma amizade saudável. Mas deve ser muito ruim se fosse em outra
situação. Não sei se lidaria bem com isso se fossem amigas de alguém com quem tive um final caótico. Se fosse traída, mal tratada, desprezada ou levasse um belíssimo pé na bunda, sei lá, seriam outros quinhentos.

Fico pensando. Será que é legal ser amiga dos amigos do ex? Não pode parecer sacanagem, às vezes? Mantive certa distância por um tempo, mas sempre tive meus queridinhos remanescentes de amigos em comum e vivi na pele essa dúvida cruel. Na verdade ainda não tenho uma resolução, mas o fato é que agora estou com os amigos. Goste ou não goste, nem imagino a opinião, que sinceramente espero que seja nula, indiferente.

E a música seguia dizendo:
“Una historia siempre tiene dos finales. El tuyo y el mío. No recuerdo cuántos daños cerebrales causamos los dos (...). Ahora está claro, cada uno por su lado, pero de que lado estoy...”

Como fica o lado dos amigos então? E quando a turma não era agregada e sempre foi a mesma? Também já fui amiga de casal e é duro, principalmente no começo, manter a fidelidade de amiga inabalável numa situação dessas. Um sempre vai perguntar algo que não deveria ser dito, mas que a omissão pode ser entendida como deslealdade. É duro, é duro!

Por ora, sigo feliz com os amigos sobreviventes dessa injusta partilha. “Se nada es tuyo, nada es mío..."


Foto: Capa do cd de Marta & Marilia

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