maio 01, 2006

Cores II


Cor é coisa complicada. Não dá para entender porque inventam tantos nomes. Já começam a dificultar no primário, quando, num belo dia, a “tia” chega com guache e, num ato de vandalismo, detona o vermelho, o azul e o amarelo. Dali a coisa só evolui, ou piora.

Tudo começa com os aparentemente inocentes roxo, verde e laranja. Não tardou muito para perceber que naquela sujeira se mascaravam cores corruptas. Que o diga Collor e tantos outros que adoram descolar umas verdinhas e um laranja pra pagar por seus pecados.

A tia segue com as descobertas com o branco e o preto (ausência de cor para os cults). Aparece o rosa, para a alegria das meninas fãs da Barbie, e então o azul claro (que as mães teimam em chamar de azul bebê), cores-signo da secção dos sexos, o que é um marco evidente da tentativa de reforço dos preconceitos sexistas.

O caos já sinaliza, mas ninguém parece dar a mínima. Logo tudo fica cinza, e em seguida, marrom, daí não muda pra cor nenhuma para frustração da criançada e felicidade do OMO.

A gente cresce e as cores ganham mais tonalidades, e como se não bastasse, também levam nomes esquisitíssimos, principalmente em rótulos de esmalte e de tintura de cabelo. Os homens não entendem, o que não é nada mais natural, afinal ninguém tem a obrigação de saber que Gabriela, Rubi, Brilho da Noite e Beterraba deixaram de ser nomes de mulher, pedra, luz e legume para se tornarem variações de vermelho. A propósito, quem inventa esses malditos nomes?

Não posso ser injusta. Os homens também empregam as cores de maneira um pouco confusa para certas mulheres. No futebol, por exemplo. Além dos verdão e azulão da vida tem o tricolor, o alvinegro, o rubro-negro, o alvianil e, o mais interessante de tudo isso, é que esses mesmos nomes servem para vários times! Não é impressionante? Como eles conseguem saber quando o tricolor é o Grêmio, o São Paulo ou o Fluminense?

Cores, cores, cores. Não me deixam azul raiva, nem vermelha de vergonha quando não conheço alguma delas, mas me digam, precisavam existir tantas? Bem, chega de falar delas. Vou vestir minha regata mostarda, botar uma saia grafite, calçar meu tamanco caramelo e dar uma voltinha.

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