dezembro 24, 2005

Gorro encarnado? Prefiro de morango

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Pensava em escrever um texto super inspirado. Comentar essa energia positiva e pseudo-onda de solidariedade que parece se alastrar nessa época do ano, mas uma imagem me surpreendeu e interrompeu a proposta light me forçando a embarcar numa linha mais crítica que fraternal.
O que foi o Papa com aquele gorro de Papai Noel? Sério! Essa notícia chega a ser ofensiva. É como se fosse o endosso da Igreja ao capitalismo globalizado. Não dá para aceitar numa boa que o mesmo Papa que repudia a pílula e a camisinha seja conivente com um símbolo tão comercial como Papai Noel (e ala Coca-Cola como conhecemos hoje).
Não que eu não ache o bom velhinho simpático. Por anos acreditei em Papai Noel e outros tantos fingi continuar acreditando, com medo que a mamata acabasse logo que meus pais descobrissem que eu sabia de toda aquela deliciosa farsa. Afinal, é o tipo de fantasia que a gente gosta de ter. Como o corno que é feliz na sua ignorância.
Não consigo entender e muito menos aceitar essa atitude do Papa. O que é isso, companheiros? Sem dúvida, digno de rechaço maior que o desfile de bonés do Lula de outrora. Tenho curiosidade de saber como essa notícia repercutiu em países católicos como a Espanha, onde sequer se trocam presentes no Natal, senão em 6 de janeiro, dia dos Reis, uma data bem mais fiel e coerente com a história que conhecemos do J.C.
Que será que o Papa queria com aquele gorro encarnado? Será popularidade? Será aceitação? Será provocar alguma identidade para que todos acreditemos que ele é um "bom velhinho"? E agora? Devem os católicos passar a meia-noite celebrando a missa do galo ou à espera de um Papai Noel de saco cheio?
Aliás, de saco cheio fico eu. O espírito natalino cada vez mais parece que foi mesmo para o saco, com expressões raras de solidariedade e afeto ao próximo. Talvez nem se ouvisse falar mais delas se não estivesse em voga no mundo empresarial algo chamado Marketing Social. Sai a compaixão entra o materialismo. Empurra-empurra nos shoppings. Quebra-pau e bombas na 25 de março. Crianças demandando presentes mais e mais caros já sem aquela mesma inocência que eu tinha de acreditar em Papai Noel.
Ah! Ia esquecendo. Na minha época Papai Noel só visitava quem tivesse se comportado durante o ano. Sido um bom menino. Quem será que Bento XVI considera um "bom menino"? Será que é a turma dos que são contra a camisinha? Nesse caso, Bush merece ganhar presente?
Sob essa ótica desejo sinceramente que muita gente fique chupando o dedo nesse Natal. De touca em touca prefiro engrossar o coro da Daniela Mercury e incentivar o uso daquela que é muito mais que um adorno, mas um santo remédio para outras cabeças.
Feliz Natal!

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