dezembro 17, 2011

De onde menos se imagina

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Recebi ontem talvez o cartão mais fofo de Natal de todos os tempos. Era um cartão personalizado, com o nome do remetente impresso nele e dizia assim: “A Terra já tem 7 bilhões de pessoas. Porém, poucas são especiais como você. Que 2012 seja à sua altura”.Lindo e sucinto.

O mais impressionante de tudo é que recebi esse cartão pelos correios, que poucas pessoas hoje em dia ainda usam, na minha casa, e de quem eu menos podia esperar. Um amigo que poderia ficar mais naquela turma que classificamos apenas como conhecidos, que outras vezes já me surpreendeu com esse tipo de lembrança carinhosa e se dispôs a me estender à mão quando eu mais precisei também, apesar de não ser uma pessoa tão próxima.

Ainda me surpreendo e valorizo esse carinho gratuito que vem de quem a gente menos imagina. Acho que ele consegue ser mais especial. Não da família, não dos amigos mais próximos, mas de alguém, que por alguma razão, vai com a nossa cara e nos quer bem, simplesmente, sem pedir nada em troca.

Já não é a primeira vez que essas pessoas incríveis cruzam meu caminho. Já fui indicada para vagas de emprego por uma concorrente que nem me conhecia e também por uma ex-colega de pós-graduação com quem eu mal falava. Já recebi uma centena de cartas, lembrancinhas e votos de carinho e amizade até de um amigo que nunca conheci pessoalmente ao longo de 12 anos, do outro lado do mundo, e que jamais se esquece de mim, por mais irrelevante que essa amizade - que eu só comecei por um exercício de cursinho de inglês - pudesse ser.

Isso me fez pensar. Será que estamos dando atenção às pessoas certas? Será que são apenas anjinhos essas pessoas com papéis tão coadjuvantes em nossas vidas e que de vez em quando roubam a cena com essas pequenas e grandes surpresas? Será que elas existem só para nos mostrar que apesar de tanto egoísmo no mundo há ainda gente altruísta capaz de nos fazer o bem assim? Ou simplesmente para nos lembrar que podemos quem sabe ser melhores com os que amamos. Se até quem pouco nos conhece consegue, por que deveria ser difícil?

Um comentário:

Fanzine Episódio Cultural disse...

Lágrimas de Areia

Lá estava ela, triste e taciturna.
Testemunha de efêmeros conflitos,
Com um olhar perdido no tempo,
Não exigia nada em troca
A não ser um pouco de atenção.

Sentia-se solitária, oca,
Os homens admiravam-na pelos seus dotes.
As crianças, em sua eterna plenitude,
Admiravam-na muito mais além...
... Mais humana!

De sua profunda melancolia
Lágrimas surgiram.
Elas não umedeceram o seu rosto,
Mas secaram o seu coração,
O poço da alma,
Aumentando cada vez mais
A sua sede.

Lá ela permaneceu; estática, paralisada!
Esperando que o vento do norte a levasse
Para bem longe dali!

O dia começou a desfalecer.
Seu coração, outrora seco e vazio,
Agora pulsava em desenfreada arritmia.
Desespero!
A maré estava subindo...

Em breve voltaria a ser o que era:
Um simples grão de areia.
Quiçá um dia levado pelo vento,
Quiçá um dia... Em um porto seguro.


Do livro (O Anjo e a Tempestade) de Agamenon Troyan

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