novembro 19, 2008

Abaixo o Eu te amo

#
Desconfio de quem diz “eu te amo” muito fácil, rápido. Nunca levei muita fé nisso. Parece-me impulsivo e pouco verdadeiro.

Acredito que quando a gente ama de verdade essas palavras vem naturalmente em algum momento, assim, sem pressa. E saem fluidas, sem tropeço, tão certas de si que nem precisariam realmente ser ditas. Falamos simplesmente porque elas já não cabem mais dentro da gente. Transbordam e saltam para fora.

Ouvir um Eu te amo é algo que nunca fiz questão por essa razão.As palavras são descartáveis. Não se bastam por si só para que façam algum sentido, e quando fazem, são redundâncias.

Sabe o que me comove? Coisas simples que falam muito mais, alheias a nossa vontade. É aquele brilho no olhar que nos sorri, como se dissesse “Eu estou tão feliz de estar aqui com você”, completamente fora do nosso controle.

O beijo na cabeça. Aquele beijo na cabeça, às vezes na testa, que surge de repente, tão desprovido de sexualidade e ao mesmo tempo tão cheio de afeto.

O jeito de dormir abraçado meio torto, que ambos sabem que está desconfortável, mas que tem uma razão de ser, que é a vontade de se mostrar de alguma forma que está ali, que se importa e não quer desgrudar de quem se gosta por nada.

O cafuné, o abraço longo e apertado, a vontade de falar qualquer coisa tola só pra ouvir a voz.

Há formas verbais também de se dizer que se gosta sem dizer "eu te amo". Quando de repente a gente se vê cúmplice, trocando segredos. Quando vem aquela preocupação e a gente só sossega quando tem certeza de que a pessoa está bem.

O que dizer das vezes em que bate um impulso incontrolável de partilhar uma boa notícia das nossas vidas com o outro tão logo ela é recebida, ou ainda quando se permite ser frágil para confessar que as coisas não vão muito bem.

Pode ser que nada disso seja amor, mas das diversas formas de amar, acho que estão diluídas aí, nessas pequenas grandes coisas, a tradução do que realmente importa. Se isso houver, digo e repito. Nem é preciso dizer "eu te amo". Eu, pelo menos, não faço a menor questão.

12 comentários:

Anônimo disse...

Sem palavras, Paula...

Anônimo disse...

Tô emocionada! : )

Ana Beatriz Chacur disse...

Momento de reflexão...muito boa ;)

Anderson Ferchá disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anderson Ferchá disse...

Surfando na web, encontrei esse seu post. Achei divino. Me identifiquei muito com seu sentimento.

Continue.

Bj na testa.

Paula Pereira disse...

Valeu gurias! Obrigada também Anderson! Um beijo na testa tbm pra vc ;)

Jessika Thaís disse...

Você definiu muito bem. Já ouvi um Eu te Amo precipitado, e foi terrível o fim da história. E acho q as ações são realemnte mais importantes.


Abraço Grande

Michele Matos disse...

Palavras descartáveis, como as pessoas.
Belo blog!
=)

Giuline Vitória Bastos D'Amato disse...

Olá!
Gostei muito do seu blog e gostaria de uma visita sua no meu.
Beijos

Anônimo disse...

adorei esse post tbm... Simplesmente um belo 'resumo de ópera'
bj

Anônimo disse...

Tá apaixonada, amiga?
Ou ouviu um "eu te amo" inesperado?
Lindo texto!
Miss you!

Paula Pereira disse...

Ih Rafa, nem. Mas lembro com saudades como era kkk Nos vemos em breve. Bjs