março 11, 2007

A hora H


Pensei que já tivesse passado, mas aparentemente não. Foi tê-lo outra vez em punho para sentir o calafrio tomar conta de mim, ainda que fizesse um calor insuportável lá fora. Minhas mãos suavam absurdamente. O tremor que começava a dar sinais anunciava o risco da voz falha, de um nervosismo quase imaturo e bastante inapropriado para a hora.

Era um mal necessário, parte do ofício e já não tinha jeito de voltar atrás. Eu precisava fazer aquilo, embora me surpreendesse que a reação de pouca intimidade com aquela situação ainda me assustasse, coisa que já julgava superada.

“ Você é a próxima” – me avisou o rapaz. Em poucos instantes, do anonimato da platéia, eu seria, de certa forma, a atração. Para quem os olhos se voltariam e perderiam seu tempo mesmo que por alguns segundos.

Enfim encarei o microfone e aquele bando de jornalistas, disse meu nome, de que veículo eu era e fiz minhas perguntas para os protagonistas daquela coletiva. Quando abri a boca, a voz estava lá e as idéias saíram articuladas. Ao fim, ainda tremia.

Como a merda de uma experiência aos oito anos é capaz de fuder com a cabeça da gente? Como? Maldito trauma de microfone! Tá aí um dos bons motivos de eu não gostar de telejornalismo. Um dia passa, ah, se passa!

3 comentários:

Álvaro Lima disse...

O trauma com microfone tem conotações fálicas? Tá deixa pra lá... Eu só quero entender essa história de Paula Pereira, a maratonista?

Tatiana disse...

Não sei como acabei caindo aqui. Um link do rastreador.
e eu vim ver.
Adorei.
Voltarei mais vezes.

Paula Pereira disse...

Álvaro, querido amigo e calouro de psicologia, essa tua pergunta por acaso tem a ver com alguma overdose freudiana que tu esteja recebendo? Para mim não tem conotação fálica, consciente hehehehe Tatiana, please, volte sempre e fique à vontade. Bjs