abril 10, 2006

Porto Alegre é demais!


Não imaginava tão bonita, nem tinha percebido um domingo tão sonoro e agradável como o daquela tarde ensolarada no brique, no coração do Bom Fim. No coração de Porto Alegre.

Realmente era verdade. Fui testemunha mais que ocular da cegueira que nos ocorre quando estamos habituados a um lugar. Tão qual a embriaguez que nos deixam os perfumes a ponto de causar enjôo até a melhor das fragrâncias.

Precisei pegar emprestado os olhos de turista. Passar um bom tempo fora e então enxergar, com meu olhar revigorado e saudosista, receber com intensidade todas as impressões que me deixavam cada canto da cidade por onde passei. Vasculharam minha memória, eu confesso. Sem eu pedir ou querer, num processo involuntário, mas prazeroso; de redescoberta.

Passeava eu ali. Entre gremistas e colorados com mate em punho. Entre as tribos que só vejo se mesclarem no Parque da Redenção, coisa que não vejo outra explicação senão a própria sugestão do nome quejá avisa ser ali um terreno livre, sem espaço para hostilidades.

Não enconcontrei nenhuma celebridade descabelada levando o cachorrinho pra fazer cocô na rua, mas amigos. Muitos amigos. Quase 50. Em Porto Alegre se vê gente que se conhece. Que não abana por simples simpatia ou cinismo ou para manutenção de seu eleitorado, mas porque de fato te reconhece. E é tão bom!

Porto Alegre não tem a quantidade de opções culturais que Sampa oferece, mas os programas que existem são devorados com voracidade. Como a terça-feira, a primeira de tantas em que finalmente pisei no bar Ocidente para assistir ao tradicional sarau. E o céu! Como esquecer do céu, que não fica cinza nem em dia de chuva. Do jeitinho que dizia a música. "A minha terra tem o céu azul. É só olhar e ver."

Vou sentir saudades. Provavelmente mais que antes. Por motivos distintos dos que me faziam sentir saudades outrora. O que alivia o aperto no peito é a certeza de que quando voltar, levarei novamente a lucidez dos olhos de turista para então gozar de estar em Porto Alegre como ela merece. Como sempre deveria ser.

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